sábado, 13 de novembro de 2010

Eterno Luto Eterno

A MORTE NÃO É A MAIOR PERDA DA VIDA. A MAIOR PERDA DA VIDA É O QUE MORRE DENTRO DE NÓS ENQUANTO VIVEMOS.
Por Raphael Luz


O luto tem sua face difícil de encarar e tem seu lado interessante para se observar. Muitas famílias só se encontram ou reencontram neste dia. Passam temporadas afastadas e quando chega a noticia de morte, choram, lamentam e começam as lembranças dos bons momentos e as lamentações pelo tempo perdido.
 
Para muitos este é o fim do relacionamento. Vivido o que tinha que ser vivido e o que não viveu ficou para trás sem recuperação.

Vivemos como se não existisse a morte, como se não fossemos criados para morrer. Mesmo não aceitando é a única certeza que o ser humano deveria ter.
Somos finitos, o que teríamos que viver deveriamos viver hoje. Devido a este fato é que não consigo ser uma pessoa mal humorada, triste e insensível ao próximo. Evito palavras que machuquem, pois não poderei ter tempo para retratar. Evito ser implicante para não guardar em mim a magoa de quem foi.

A família é a parte mais complicada na vida e na morte, enquanto vivemos, é com ela que implicamos, brigamos, cortamos relações, na morte é dela que sentimos falta, que choramos pelo tempo perdido. Ora por remorso, ora por saudade.

É um momento de intensa reflexão sobre a vida e o futuro pós-vida na terra para nós que ficamos. O silêncio no local e o falar baixo mostram que respeitamos a dor daqueles que perderam, mas muito do silêncio está em nossa mente como meio de reflexão pessoal. Quando estarei aqui? Para onde irei quando for a minha vez? Mas passado aquele momento nossa mente apaga a reflexão e voltamos a vida normal.

Não encontraremos respostas humanas para tal tragédia, não encontraremos consolo tão cedo.

Não deixe de chorar seu luto, não deixe de sofrer tudo até o momento em que a vida precisar voltar. Somente os que choram serão consolados. Você não precisa ser forte neste exato momento, seja fraco, deixe ser consolado. Deixe que a dor venha a tona com toda força. A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nos enquanto vivemos.

Além disso, o tempo é sábio. Ele não mata a saudade, não diminui as distâncias, mas nos faz reorganizar sozinhos, quase sempre, aquele momento que nos parecia sem fim. Queremos entender o porquê. Gostaríamos de ter explicações que nos aliviassem. Precisamos compreender o que aconteceu. Mas, de imediato, nada faz sentido. Temos muitas perguntas e quase nenhuma resposta.

Um dia, outro dia, a primeira semana, o primeiro mês, as noites mal dormidas, os pesadelos que nos atormentam o sono, os sonhos, o silêncio, a dor que se sente na alma, aquela vontade de um sinal. Tudo isso é passageiro para aquele que perde alguém que ama. Mas de tudo ficaram três certezas: a de estar sempre começando; a de que era preciso continuar; e a certeza de que tudo poderia ser interrompido. Mas nesse exato momento o que tenho em mente, é que , ''nunca se vai para sempre quando se deixa no peito uma saudade''.





Raphael Luz, 18 anos, Limeira - SP





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