quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 Caipira

(por Douglas Lugano )

Existem momentos no nosso dia-dia, nos quais são possíveis sentir a presença de Deus afagando nosso rosto; Ele toma a enxada de nossas mãos e, nesse simples gesto Ele diz: "Deixa pra amanhã, meu filho. É hora de descansar" . Agindo humanamente, num gesto divino recebido como dom, o homem no campo tira seu chapéu da cabeça, enxuga o suor do seu rosto molhado com a manga da camisa já surrada, que o protegeu do sol em sua labuta e apenas agradece pelo cansaço. . Esse humilde rito, que se repete todas as tardes, é preludio à ação de graças daquele que se faz humilde não só nas palavras, mas também pela sua casa coberta por uma atmosfera fina e densa da fumaça de um fogão à lenha; é mais que uma oração. . Por mais cansado que esteja, o homem pede a Deus que o proteja. Olhando pro céu que "troveja" em nuvens de cor de cereja, no crepúsculo daquela tarde; mais um dia que passou. . A noite é para ele uma esperança de renovação, na aurora de um amanhã que é promessa e ontem era uma incerteza. Noite que outrora era apenas trevas e que agora deu lugar a luz. . Deus que faz do sol seu sorriso, nesse calor que já aquece, desde que amanhece; É Deus que te conhece, sabe o que te entristece. E mesmo com suas lutas, d'Ele você não esquece. E mesmo assim agradece. . "Texto foi escrito em 2014, inspirado num dia de trabalho do sr. Antônio, pai do meu cunhado que o afamava de um caipira legítimo. O conheci desde que meu cunhado começou a namorar a minha irmã. Faleceu em Fevereiro de 2020, P.S. faleceu me devendo uma cabra de leite'" . (Douglas Lugano, autor de "Dia de nossas vidas")




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