terça-feira, 2 de março de 2021

Saiba o seu valor

Não mendigue atenção de quem quer que seja.

Não se esforce para compartilhar minutos com quem está mais interessado em coisas que não te incluem.

Não prolongue a conversa apenas para ter o outro por perto. Quando você perceber que precisa se esforçar bastante para que o monólogo vire um diálogo, esqueça.

Prefira a sua solidão genuína à pseudo presença de qualquer pessoa. Ainda digo mais: Perceba que existem pessoas que curtem dividir a atenção contigo sem que você precise desprender esforço algum.

Aproveite o que te dão de livre e espontânea vontade. Dispense o que te dão por força do hábito ou por conveniência. Esqueça o que não querem te dar.

Porque cada um dá o que pode.

Que você tenha uma ótima semana e que ela seja abençoada.

Douglas Lugano, autor de "Dia de nossas vidas - A história de nós todos"


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Quaresma na quarentena, de novo.

Por Douglas Lugano.

Quaresma não é o fim do mundo, mesmo na quarentena.

O fim do mundo acontece quando você morre para o mundo. Porque o mundo, meu irmão, minha irmã, ele não morre, menos ainda pra você.

O fim do mundo acontece quando você morre pra alguém ou quando você elimina alguém da sua vida.

Vivemos uma "geração zumbi". Onde as pessoas desviam de você pelo que você é, mas se aproximam pelo que você tem.

Te avaliam, te medem, te julgam... te jogam, te "cancelam" e acham que estão lacrando o mundo com a opinião particular delas.

Se todo mundo destruir o seu mundo ou te tirar do mundo que acham não ser para todos, ainda sim seja otimista. Eles não fazem parte do seu mundo, entenda isso de uma vez por todas. E ainda, seja criativo e crie um mundo pra chamar de teu e convide a ele quem te ama de verdade, sem reservas, sem (pré) julgamentos e sem (pré) conceitos.

O fim do mundo é incerto. Pode ser amanhã, como também pode ser que já tenha acontecido e você nem percebeu. Quantos fins do mundo você já presenciou quando ouviu "é o fim do mundo!" numa situação qualquer?

Não houve as festas de carnaval e isso foi o fim do mundo pra muita gente. O que serviu para repensarmos nossas atitudes, nossos cuidados e ainda, nossos valores em relação à dependência de uma data específica para nos transformarmos naquilo que você esconde os outros dias do ano.

Acabou o período de carnaval e hoje quarta feira de cinzas damos inicio ao tempo liturgico quaresmal, ainda em meio a quarentena que parece eterna. Aproveite, então e troque sua penitencia de ficar sem doce, refrigerante, pão ou rede social, por uma quaresma de inteira reflexão, oração, sem fofoca, sem maldade ou egoismo.

Para Deus e para o resto do mundo não faz diferença nenhuma se você vai ficar 40 dias sem tomar coca-cola, cerveja, abster-se de carne, se você continuar ser reflexo do inferno na vida dos outros. Talvez você já tenha mostrado isso já nessa quarentena.

E lembre-se também: "Jejum sem oração é dieta!"

Nos preparemos verdadadeiramente para que tenhamos todos uma "santa semana santa!"

Topa?

Douglas Lugano, autor de "Dia de nossas vidas")

Uma caminhada de reflexão


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Semana doce 2/5

Ter um coração doce nesse mundo duro não é ser ingênuo. É ser corajoso!

Pra adoçar mais ainda a sua semana, uma ideia prática, refrescante e super saborosa.

Vamos fazer uma torta de limão.

A massa é uma versão sem glúten, por isso vamos usar apenas 01 pacote de biscoito sequilhos (certifique-se que a marca oriente nos ingredientes a ausência do glúten: Não contém glúten!). Triture no processador ou no liquidificador. Você também consegue fazer isso usando um rolo de massa (o tal pau de macarrão) ou um martelo de carne.

Feito isso, acrescente 180gr de manteiga sem sal (e sem glúten) em ponto de pomada (mole mesmo).

Modele numa forma de fundo removível. Capriche, deixa a massa fina e lisa. Leve a geladeira.

O recheio é ainda mais fácil. Você só precisa apenas de

1 Lata de leite condensado (395gr), Suco de 4 limões, 1 caixinha de creme de leite 200ml (descarte o soro), raspas de 1 limão.

Misture o suco de limão com o leite condensado até "emulsificar", em seguida as raspas e por último o creme de leite. Misture com uma colher mesmo, não é necessário usar batedeira, não recomendo também, pois a força da rotação destrói as bolhas de ar e deixa a mistura ainda mais líquida.

Despeje esse creme sobre a massa reservada e volte a torta para a geladeira.

O terceiro passo é o merengue que é feito com 3 claras e meia xícara (chá) de açúcar.

Em uma panela, misture as claras e o açúcar e leve ao fogo baixo, mexendo vigorosamente sem parar, por cerca de 3 minutos, tirando a panela do fogo por alguns instantes a cada minuto, continuando a mexer, para não cozinhar as claras.

Retire do fogo e em uma batedeira, bata por cerca de 5 minutos ou até dobrar de volume.

Retire a torta da geladeira e cubra-a com o merengue. Com um maçarico, queime as pontas do merengue e sirva em seguida, gelada.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Semana doce 1/5

Vamos de receitas para dar uma leveza nos textos aqui. Você gosta de pudim?

Com ou sem furinhos, o que importa é que pudim conquista e é a preferência de muita gente. Alguém ainda tem dúvida?

Pudim da Luciana, ou do Beto. Eles que lutem...

No liquidificador:

03 ovos + 1 gema (todas as 4 gemas sem pele. Ela quem dá aquele gostinho e aquele cheiro característico de ovo que você odeia)

02 latas de leite condensado

02 latas de leite de vaca (use a lata de leite condensado para medir)

Bata muito bem, até que tudo esteja realmente misturado. 

Despeje esse creme todo numa forma redonda (25cm) com furo no meio - já caramelizada (01 xícara de açúcar e 1/2 xícara de água e leve ao fogo até derreter e dourar. Cuidado pra não queimar e amargar o que era pra ser doce.)

Leve ao forno pré aquecido, em banho Maria. Use água já aquecida. Não precisa tampar a 160° por 40 minutos ou faça o teste do palito.

Não quero acabar com sua dieta, até porque não prejudiquei a minha. O importante é encontrar a felicidade em cada colherada.



domingo, 7 de fevereiro de 2021

Se as águas do mar da vida ...

Por Douglas Lugano

A vida é como o mar, acredite.

Para uns ela é um mar de rosas, para outros, um mar cheios de turbulencias.
Enquanto estivermos no barco, procuramos remar incansavelmente para encontrar o equilíbrio.
Hoje enquanto dirigia, entre um semáforo e outro, pensei, viajei nos meus devaneios e voltei pra casa resumindo uma resposta pra mim mesmo.
O momento está dificil? Muito! Então, o que fazer? Nos manter firme!

Seja qual for o seu problema, tenha Deus como sua prioridade. Sem Ele, todas as outras coisas são opções secundárias.
Ele me ama, me completa, me ensina, me ajuda, me levanta, porque Ele é pai.
Quando o desespero gritou comigo, chorei baixinho, mas Deus escutou minha lágrima serpenteando meu rosto no silencio, como que escrevesse uma frase que só Ele sabe interpretar.

"Por que tens medo, meu filho? Cadê tua fé? (Mc 4.40)"
Nos meus tinta e poucos anos, já vi mãe abandonar filho, marido abandonar mulher, filho abandonar seus pais, mas nunca vi Deus abandonar ninguém.
Como diz uma amiga "Deus não dorme" o que significa que Deus não vacila. Apesar de nessa passagem bíblica narrar que ele dormia e foi acordado pelos outros discípulos no barco.

Quando você disser que sua vida é um mar de rosas, esteja preparado para os espinhos e, para outros mares, esteja preparado para as tempestades. Mas nunca se esqueça: "Deus está no barco".
Pense nisso!



sábado, 6 de fevereiro de 2021

O lado bom da vida

Não deixe que nada, nem ninguém te magoe. É difícil, eu sei e você também sabe.

Não permita que ninguém despeje sobre você palavras e pensamentos negativos. Você não é um objeto onde as pessoas possam descartar as frustrações. Ninguém tem esse direito.

Mas não se preocupe, a vida se encarrega de convergir os caminhos. Se não foi aproveitado, agradeça.

Se não foi valorizado, agradeça também.

Mesmo na ingratidão, agradeça assim mesmo.

Mesmo que algo te angustie, faça doer, nos contratempos da vida, o melhor que se tem a fazer é sorrir.

O prazer de ver crescendo aquilo que você ajudou a construir se tornará sua própria felicidade também. Acredite! E deseje a cada dia essa bondade que você sempre pregou. Essa é a sua recompensa.

Deixe que vivam, e viva o seu lado bom e assim fará dos seus dias mais felizes.

Um dia todos nós iremos embora. Muitos sonhos e projetos ficarão sem terminar. Por isso, faça o melhor da sua vida, faça o seu melhor por amor, porque amamos o que fazemos e fazemos por nosso semelhante.

As decepções acontecem porque esperamos que o outro tenha as mesmas atitudes que nós. Mas esquecemos que cada ser humano é único. Que cada um terá suas próprias opiniões, suas atitudes...

Ame as pessoas como elas são e não como gostaríamos que elas fossem.

Enfim, muitas vezes o caminho certo é apenas seguir em frente, porque o fim, é apenas o reinicio de algumas coisas.

Anhangabaú/SP
Foto: Douglas Lugano




 


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Regra do dia: Sorrir!

Por Douglas Lugano

Você não precisa sorrir todos os dias. Mas todos os dias você precisa encontrar um motivo que faça você sorrir em todos.

Sorrir mesmo entre tantos problemas, não abaixar a cabeça e acreditar que as coisas vão melhorar. Isso é ter FÉ, ser otimista.

Sabe, aprendi a sorrir em meio as minhas dificuldades, a acreditar nos meus sonhos por mais que eles fossem praticamente impossíveis de um dia serem realizados. Então, meu amigo, aproveite que o atual momento te motiva a economizar e sonhe, faça planos, traça metas.

Aprendi outra coisa, que mesmo que tenha doído muito, pra ser feliz não preciso de ninguém. E que ela, a felicidade, depende apenas de mim mesmo.

Tenho deixado de lado toda futilidade da vida e agarrado só o que é meu.

Abandonei todas as magoas e me tornei livre das tramas que amarravam e me impediam de viver os verdadeiros laços. 

Porque depois de tantas coisas que passei na vida, aprendi que o sorriso precisa sempre estar em evidência em nosso rosto. Depois que sofri, chorei e errei, entendi que somente a minha energia poderá contribuir para a minha evolução e sou eu quem a controla.

Então agora é do meu jeito, do meu estilo. Sorrindo, Só rindo...

Sorria também.



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O exercicio espiritual de lavar a louça

Eu fui e, acredito que a maioria de vocês também foram, criados num lugar onde lavar a louça não era minha função.

Minhas cinco irmãs e minha mãe, sempre generosas, lavavam. Só com o tempo, conforme fui crescendo, descobri que lavar a louça fazia parte dos deveres da casa imputada na maioria das famílias. Mas uma família grande como a minha, era dever de todos, inclusive meu pai lavava. Eu, é claro, no começo detestava lavar a louça. Preferia trocar essa função por outra, varrer a casa, por exemplo. Outra regra, de quando minhas irmãs mais velhas eram solteiras, era bem prática e até hoje é assim: alguém fazia o almoço e outra lavava a louça. E o serviço todo da casa era movido a música. Até hoje é assim também.

Quando comecei a trabalhar em restaurante, não tive problemas em lavar louça. Mesmo você sendo o ajudante de cozinha começar na pia, lavando a louça, descascando camarão e picando legumes é a função. O que não é o sonho dos recém-formados em gastronomia, mas é onde a maior parte dos grandes chefs atuais estavam há alguns anos, no começo. Mas muitos deles não passaram pela escola. Que é fundamentalmente importante para se ter um diploma, conhecer técnicas e equipamentos, utensílios. Durante o período do curso você conhece todas as áreas. Em um restaurante tem que saber esperar e ser muito dedicado, podendo ficar até um ano fazendo a mesma coisa, na constância: todos os dias, as mesmas coisas, dia após dia, sem reclamar.

Eu já tinha aprendido e da melhor maneira que é em casa e em alguns eventos beneficentes não deixava grandes quantias de louça acumulada, pelo contrário, lavava gradativamente conforme ia usando. Me incomodava.

Você pode achar engraçado, mas lavar a louça requer uma técnica, é preciso organização. E foi através disso que criei o hábito de lavar a louça.

Hoje, ter a minha louça desorganizada e suja, me causa total desconforto.

Lavar louça, é um ato simples, mas cheio de significados. Um deles, talvez o mais importante, seja a gratidão. Pois, se tem louça para lavar é porque teve comida para comer.

Experimente lavar a louça sozinho, tente sem musica se você conseguir - é um exercício de agradecer a Deus pela comida.

Para alguns homens, ainda dotados de um pensamento machista, lavar louça, assim como os afazeres de cozinha é "coisa de mulher". Para muitos é inconcebível "ajudar". Na verdade, a sua mulher não necessita de ajuda, ela tem necessidade de um companheiro. E você quando se casou deve ter a ciência de que as tarefas serão divididas e não se trata certamente de uma “ajuda” com as tarefas de casa.

Quer saber? Você não ajuda a sua mulher a limpar a casa porque também vive nela e é necessário que também a limpe.

E hoje, olhando pra trás, percebo como fui ingrato em determinados momentos de minha vida com minha mãe. Quantas vezes deixei, sem me preocupar, uma bagunça na louça pra minha mãe lavar e hoje tenho como obrigação e função lavar a louça de outros. Quer um conselho? Lave sua louça.


"Um cozinheiro pode nunca ser um chef, mas um chef não vai deixar nunca de ser cozinheiro".
(Um cozinheiro citou)


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Sim, temos bananas!

Passava todos os dias em frente a um varejão e pensando em levar uma fruta pra fazer alguma sobremesa que me remetesse à minha infância. Obviamente, a fruta mais comum de se ver na minha casa era ela, a banana.

Meu pai, quando podia, comprava outras da estação, porque eram - naquela época - mais barato em relação às demais, mas banana era a mais acessível. Menos na semana santa. Depois do domingo de Ramos ela já dobrava o preço. Na semana santa, ela acompanhava a paçoca, que é o desjejum em épocas de penitência. Uma tradição que passou da família da minha mãe para a família do meu pai.

Quando aparecia a banana da terra em casa, a única coisa que sabíamos fazer era frita-la e comer tomando cafe. "Não é banana pra se comer crua. A língua fica pegando!" - dizia meu pai.

A gente vai crescendo e perde a "ignorância", comprando revistinhas de receitas, assistindo Ana Maria Braga e conhecendo gente que come de forma, digamos, chic.

Foi numa dessas vezes, na casa de um amigo, perdi a ignorância do menino pobre e arrisquei fazer à minha moda.

Tirei a casca da banana, com carinho, cortei ao meio e "de cumprido", com jeito. Aqueci uma frigideira, dessa vez antiaderente, com "teflon" - como diria minhas irmãs, coloquei manteiga e depois de derretida deitei a banana.

Grelhada de um lado, virei com cuidado. Enquanto isso, fazia as bolas de sorvete e acomodava nos pratos.

Antes de terminar, um pouco de melaço de cana e Cointreau - aproveitei os ingredientes que me ofereceram.

Quando servi, ouvi um elogio, tal como 'você leva jeito pra cozinha". Só não sabiam que eu estava era com fome. Acredite, o nosso subconsciente, quando estamos com fome, nos faz arriscar nas criações descobrindo sabores que não provamos antes. Isso é química!

Não foi esse o momento que descobri a cozinha como dom, posso dizer que foi um deles... Pudera, eu tinha meus quatorze anos ainda. Mas posso dizer que até hoje é uma das minhas sobremesas prediletas.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O dom de ser luz.

Não tenha medo do escuro. As trevas são apenas momentâneas. Uma situação onde a luz ainda não chegou.

Existem pessoas que dizem viver nas trevas, viver de trevas ou até mesmo para as trevas. Não é culpa delas, são assim porque talvez ainda não quiseram enxergar a luz ou, pura e simplesmente, porque não se deixaram iluminar. 

Quem afronta só quer mostrar que seu poder - o  que imagina ter - em meio a sua própria fraqueza. Quer se defender de uma admiração não admitida, amor retraído, não revelado, enrustido.

A luz cega os olhos de quem optou viver na escuridão. Na escuridão da inveja, da cobiça, da ignorância. Seja você a luz para essas pessoas. Não para cega-las ainda mais, mas seja como a luz de um amanhecer daquele seu lugar preferido que chega de mansinho, chega calmo, chega suave, quebrando com seu faixo de luz, aos poucos, as partículas de escuridão existente na vida.

Em meio à gritaria, seja o silêncio necessário. No meio de uma tempestade, seja a voz que acalma o mar. Na discussão, seja apenas o olhar que desconcerta.

Já dizia o poeta de *Formiga: "A sombra só existe porque brilha alguma luz!"

Seja luz! Ilumine, mas não elimine.

Que seu dia seja mais que produtivo, que seja abençoado.

Dia mundial das comunicações.
Foto: Pascom/SJC

*Formiga é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do Brasil. O poeta da referência do texto é nada mais que Fábio José de Melo Silva, mais conhecido como Padre Fábio de Melo, um sacerdote católico, artista, escritor, professor universitário e apresentador. Pertenceu à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Atua na Diocese de Taubaté, no interior do Estado de São Paulo. A referencia vem da música "Contrários" do álbum Vida® (Som Livre) de 2008.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ame-se, mode ON

Ame-se, ninguém irá fazer isso melhor que você mesmo.

Mesmo que para isso seja necessário você curtir os lugares que eram seus, porém sozinho. Mesmo que precise tomar seu café sozinho.

Ame-se, mesmo que para isso lhe custe lugares vazios na mesa, um sofá vazio, uma cama vazia.

Se ame, mesmo indo a praia sozinho, ouvindo o barulho do mar, aquela caminhada na areia ou sentado a sombra de uma árvore.

Mesmo que você corra o risco de sofrer com a dor da separação de uma relação que você insistia num amor que não era recíproco. 

Ame a si mesmo! Você é a pessoa com quem passará toda a sua vida. Não faz sentido amar o outro mais que a si mesmo. O outro, um dia se vai.

Você não tem que ser perfeito para ninguém a apenas para você mesmo. Mas deixe-se amar por alguém que te arranque sorrisos, porque as roupas você mesmo tira. 

Ame-se, você já é incrível por ser você mesmo.

Douglas Lugano, dezembro de 2020


domingo, 31 de janeiro de 2021

Retratos

A imagem abaixo me remete para meados da década de 80, quando o "retrato foi batido". Ao fundo, a praça que ficava em frente a minha casa, na epoca. Não era praça ainda e também não era carinhosamente chamada por nós de "pracinha"

Naquele tempo - e até alguns anos atrás - era comum em algumas tardes passar um viajante com seu burro ou carneiro "colorido" em busca de algum "modelo" para fazer uma foto.

Quando ficavam sabendo, as mães já tratavam de pegar os filhos, dar um banho, engomava os cabelos e penteavam de lado para fazer uma foto para recordação de infância. Essa era a produção já pensando na melhor lembrança para a eternidade.

No dia dessa foto eu me lembro como se fosse ontem. Cheguei em casa da escola, tomei um banho como minha mãe havia mandado, pois fazia muito calor, almocei um prato de arroz, feijão e ovos com farinha de mandioca.

Depois de assistir um pouco de TV, na antiga Sanyo Preto e Branco (daquelas ainda de madeira) sentei a beira do portão - não havia calçada ainda. São José dos Campos, já tinha decolado como cidade promissora, mas a Vila Tesouro ainda era um bebê. Não demorou muito tempo quando ele apontou na esquina do "bar do Bigode" e veio em direção à minha casa atraído pelo barulho de crianças brincando. Para ele era uma oportunidade.

Corri pra chamar a minha mãe que veio apressada pensando ser algo importante. A expressão abatida não segredava o cansaço de quem passara quase o dia todo a beira do tanque. Enxugou as mãos na barra da camiseta, a barriga molhada do enxaguar das roupas. Atras dela veio também meu irmão que estava brincando ali perto, no quintal que não muito grande.

Um misto de ansiedade e euforia daquele momento tão importante pra mim me fez perder a ponta do dedão do pé esquerdo numa pedra cravada no chão batido do corredor.

Chorando de dor e com minha mãe ali do meu lado, abracei sua cintura encostando meu rosto no seu ventre molhado e, apesar de frio, me protegia com o seu calor de mãe. Ela, com paciência, ajeitou meus meus cabelos e, orgulhosa, me observava de longe enquanto aquele moço "fazia" a minha foto.

Mãe, tenha a certeza, aquele dia foi muito importante. Mais do que pela foto, foi meu presente de dia das crianças, aniversário, Natal e foi o melhor presente que um menino da minha idade, naquela época, nas nossas condições, poderia ganhar...

Valorize momentos simples carregados de detalhes importantes e, acima de tudo, capriche nos encontros imperfeitos, pois eles podem ser os últimos.

1985, sem a tampa do dedão do pé esquerdo e sem um carneiro colorido 
porque o dinheiro não deu.


sábado, 30 de janeiro de 2021

Reencontro

Por Douglas Lugano

Vou pegar uma estrada que me leva a um destino incerto. Não sei o que há além da paisagem que consigo enxergar.

Abandono bagagens que me pesam os ombros e sinto o alívio das dores desse mundo. Nada mais me dói, nem mesmo as feridas incicatrizadas trazidas do passado no meu íntimo.

Nesse caminho interminável, o pedágio tem um preço alto, mas o destino é compensador. É nele que contemplo o sol, o céu e os campos verdejantes da música que conforta nos momentos mais precisos.

Trago comigo o desejo sagrado do encontro e o anseio pela resignificação do ser e existir. Porque em mim tudo é passageiro.

Sacrário vivo, divino, num humano excomungado, que leva o Criador como seu passageiro na esperança de ser plenificado no caminho

No rádio não há músicas apaixonadas. Nessa viagem, apenas o som do vento cortado pela velocidade de quem tem pressa de chegar.

Sem destino perto, só o rencontro é certo.




sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Pão. Alimento e benção.

Meu pai sempre me ensinava que mesmo quando você não tiver nada pra oferecer a alguém, era pra "fazer algo você mesmo".

Me dizia isso porque no começo não tínhamos tantos recursos e eu me sentia constrangido por recusar sair com os amigos por questões financeiras.

Essa idéia de fazer algo eu mantive comigo, mesmo que as condições tenham melhorado. 

Sempre que faço alguma coisa para nós aqui em casa eu fico pensando de como seria bom se alguém de fora estivesse a mesa conosco.

Infelizmente não consigo o feito de ter uma mesa grande onde caibam todos que eu gostaria de ter num café ou almoço.

Então eu adotei uma prática. É minha, silenciosa. 

Fazer pães é algo simples, mas é um gesto cheio de generosidade. Os ingredientes são simples. Mas nele tem o tempo, o cuidado, a paciência, o dom, a disponibilidade e, principalmente, o carinho ao fazer e mais ainda, sabendo para quem vai.

Pães de fermentação natural, assados em panela de barro
Foto: Douglas Luganoo

Eu não vendo pães. Os pães que eu faço em casa são preparados em receitas dobradas. Um sempre é pra quem eu gostaria que estivesse aqui comigo, tomando um café conosco, fazendo parte dessa partilha de tempo, de atenção, de amizade, de amor e do alimento.

Meu pai me ensinou a ser amigo das pessoas. Talvez pelo fato de ele sentir falta disso em relação a ele, principalmente de quem ele mais esperava...

O que ele fazia questão de ensinar, era que devemos nos importar e procurar estarmos próximos. E foi assim até o fim, mesmo nos seus últimos dias na UTI do hospital.

Se você um dia receber um dos meus pães, saiba que eu gostaria muito de tomar um café contigo.

E o pão é só uma forma de aproximar...



Minha irmã Alessandra e meu pai.
2014, Paraibuna/SP
Foto: Douglas Lugano


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Encontro de almas

Por Douglas Lugano

"... numa manhã de sábado, fria, que te obriga a esconder o rosto devido ao sopro gelado dos ventos, da Paulista, fui me aproximando da rampa de uma rua ingrime do lado oeste daquele bairro nobre da cidade. Parei antes numa banca, cumprimentei o rapaz retribuindo seu "bom dia" e depois de um breve, porém amistoso aperto de mão, retirei uma nota do bolso esquerdo da calça jeans e levei um arranjo de flores. Embora fossem as rosas suas preferidas, arrisquei-me em comprar um ramalhete de uma tonalidade bem clarinha, como se fossem taças de champanhe com morango. (...)

Finalmente cheguei ao hospital, me encaminhei até a porta do elevador acionando o botão para subir.

Sétimo andar, enfim, foram os quarenta segundos mais eternos da minha vida até então. Meu coração batia em sincronia dos ritmos dos cabos se movendo acima de nós, até que parou. Observei se ele estivesse mesmo parado naquele andar conforme instrução da placa acima e a direita do batente, ao lado do botão de emergencia.

A porta se abriu e eu já estava na antessala. Eu já podia vê-la sentada sobre um sofá azul, da cor do céu, com as pernas cruzadas arrumando os poucos cabelos que insistiam em tentar renascer, olhando para o longe em meio aos prédios das mais variadas formas, tamanhos, e cores.

Ela vestia uma camiseta branca, customizada por ela mesma eu acho, os ombros a mostra e um short jeans. Ela estava radiante. O sol a iluminava e ao mesmo tempo, tentava sem sucesso, aquece-la devido ao frio que fazia naquele dia. A cena me remetia àqueles quadros de anjos da guarda com aqueles fachos de luz sobre a cabeça, por isso, não tinha como duvidar da presença de Deus naquele recinto.

Havia paz, a atmosfera era surreal, mistico e por um instante permaneci em silencio, sem ação. Um silencio que foi quebrado com o ranger da porta do elevador se fechando, foi então que apareceram as pessoas que estavam alí com ela. Brotaram das laterais, por detrás da parede que separava o quarto da antessala.

Ela se virou e sua beleza cegante fora violada pelo meu olhar tímido, nervoso e, ao mesmo tempo, ansioso. Se levantou, veio em minha direção, seu braço esquerdo pendia um cateter, me aproximei e com todo o cuidado nos abraçamos – eu tremulo. Meus olhos se encheram de lágrimas que desconheciam suas razões. Senti o cheiro de seu hidratante – baunilha. Ela deu um passo para trás, com as duas mãos apalpando meus braços me olhou e disse “Douglas, você veio!”

(...) Não pude acreditar que aquela menina, em sua tenra idade, se deixara vencer por uma doença tola. Perdeu a luta para um câncer. Jéssica morreu antes mesmo que sua adolescência conhecesse uma nova primavera. Muito antes de sorrir para o sol no verão. O tempo abreviou seus planos de conhecer a florada de ypês amarelos. Morrer no inverno tornava mais triste cada novo crepúsculo.

(...) Já era outubro e eu havia prometido passar o dia das crianças no hospital. Os livros já estavam embalados assim como o restante dos brinquedos. Mas antes de tudo, eu ainda teria um outro compromisso a ser cumprido. Em São Caetano, região do ABC Paulista, na paróquia Nossa Senhora Aparecida ...

(Continua no livro)

10 de Agosto de 2008 - Sobre Meninos e Heróis #DiaDeNossasVidas #MeuLivro

Imagem: internet/Google

A travessia

Desde que mergulhei nesse grande mundo da gastronomia, acredito que em 1993, passei por vários lugares na esperança de aprender e deixar o meu melhor.

Sempre fui intenso em tudo que me era confiado, talvez pelo signo, escorpião, embora eu não creia muito nisso. Me orgulho em dizer que até hoje sou assim.


Os anos de "Note e anote" na TV Record, me proporcionaram as melhores experiências antes mesmo de adentrar pelo portal sem volta de uma cozinha. Não conheci um mestre dos magos, mas precisei desbravar um mundo até então desconhecido. Descobri que não era preciso afagar o ego de "chefs pra se garantir na casa", como acham a maioria, mas mostrei que agregar era obviamente o correto a se fazer.

Me lembro que no supermercado onde trabalhei, em 1994, enquanto passava pelo caixa as mercadorias dos clientes, eu observava as receitas que ilustravam os rótulos e as caixas. Um dia resolvi apostar num lombo de porco com molho de laranja que o saudoso Cauby Peixoto preparava na cozinha da Ana Maria Braga, e deu certo! A preocupação do meu pai começou aí.

Ainda no supermercado, depois de organizar meu setor, passava as tardes na padaria ajudando o padeiro. Os pães de frios eram os mais esperados e faziam fila congestionando o corredor para a fornada das 14:00.

Depois disso, quase em 2001, após deixar o supermercado, busquei uma vaga numa padaria do bairro. E é claro que tentei fazer o tal pão, mas como a maioria sabe, se não for a receita do padeiro a ideia não entra.




Nesse meio tempo, eu já era o cozinheiro oficial da minha roda de amigos, o churrasqueiro que ninguém queria o avental e, até o boleiro de casa quando minha mãe não descolava os olhos do Vale a pena ver de novo.

Em 2007, em São Paulo, nas idas ao hospital por conta de um CBC no rosto, conheci o Tony, um marombeiro que amava cozinhar e respirava academia. Ele queria transformar o restaurante do pai em um bistrô de comida orgânica. "É a sua cara!" Instigava ele. Topei.

Os risotos cheios de cremosidade não saíram do cardápio, mas dividiram espaço ao arroz integral enriquecido com legumes, cortados micromilimetricamente e sementes ativadas. Os purês aos poucos andavam lado a lado com batatas assadas, o frango ganhava um aroma de manteiga, os molhos carregados de roux e vinhos ficaram muito mais light. E os peixes acompanhavam legumes no vapor. Calor naquela cozinha pequena não faltava.

Conciliando cozinha, academia e lazer eu me sentia em casa. Dormia 5 horas por noite e quando realmente despertava, estava tomando café com o Léo, no mercado. Em dias de peixe, já ia direto da academia. Catabolizava, obvio.

Tudo parecia estar perfeito, até perdermos o grande incentivador da casa. O Tony avó faleceu, desanimando o Tony pai. Foi difícil pro Tony filho levantar a cabeça, mesmo eu me propondo a tocar o barco enquanto passasse o luto, podia levar o tempo que fosse preciso, eu não me importava em ajudar, mas preferiram encaixotar as lembranças e apagar as luzes de uma cozinha cheia de brilho próprio.

Resolvi mudar de ares tambem. Tempos depois em 2009, já estava fazendo pães de novo e, meses antes do Natal, uma fornada de panetones perfumavam um supermercado as 15:00 e, por incrível que pareça, consegui colocar a receita do pão de frios na casa. Mas paramos porque ofuscava a venda de outros produtos. Essa foi a desculpa, mas eu sabia que o motivo era outro - aquele. Não importa.

Entre idas e vindas da "cozinha" pra "logística" e da "administração" para o voluntariado, já confiante na mão e no paladar, ainda tive oportunidade de ajudar a organizar almoços beneficentes, pastel de fim de semana na cozinha da paróquia, motivado pelo pároco daquela época, eventos dos quais sinto falta, das aventuras em cozinhas com histórias inimagináveis, dos churrascos com os amigos. (Vírus maldito! (Covid-19).

Eu já tinha desistido, até que alguém me encorajou a continuar. Foi então que em no final de 2013, um anúncio numa rede social me provocou "preciso de um auxiliar de cozinha, urgente". Era tentador, uma cozinha de outro mundo nesse imenso mundo desconhecido da gastronomia, fiquei lá por duas temporadas. Foi minha escola pra cozinha e pra vida.


Sobremesa autoral, o BR. No cardápio,
Due de chocolate
Foto: Douglas Lugano

2018 ainda não havia terminado, mas deu tempo pra uma oportunidade nova de ter uma cozinha sob meu olhar por quase dois anos que só deixei para realizar aquele sonho lá dos tempos do mercado: Uma cozinha minha, do meu jeito. De novo, tinha tudo pra dar certo. "Vírus maldito!" (Covid-19).

Hoje relembrando um pouco do meu início, percebi que cozinha não é só trabalho, mexer panelas e servir. Tem de ter tesão e afeto intenso no que faz. Talvez seja por passar por tudo isso, eu ainda não tenha desistido e buscado o portal que me trouxesse de volta a um mundo que para todos seja real.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 Caipira

(por Douglas Lugano )

Existem momentos no nosso dia-dia, nos quais são possíveis sentir a presença de Deus afagando nosso rosto; Ele toma a enxada de nossas mãos e, nesse simples gesto Ele diz: "Deixa pra amanhã, meu filho. É hora de descansar" . Agindo humanamente, num gesto divino recebido como dom, o homem no campo tira seu chapéu da cabeça, enxuga o suor do seu rosto molhado com a manga da camisa já surrada, que o protegeu do sol em sua labuta e apenas agradece pelo cansaço. . Esse humilde rito, que se repete todas as tardes, é preludio à ação de graças daquele que se faz humilde não só nas palavras, mas também pela sua casa coberta por uma atmosfera fina e densa da fumaça de um fogão à lenha; é mais que uma oração. . Por mais cansado que esteja, o homem pede a Deus que o proteja. Olhando pro céu que "troveja" em nuvens de cor de cereja, no crepúsculo daquela tarde; mais um dia que passou. . A noite é para ele uma esperança de renovação, na aurora de um amanhã que é promessa e ontem era uma incerteza. Noite que outrora era apenas trevas e que agora deu lugar a luz. . Deus que faz do sol seu sorriso, nesse calor que já aquece, desde que amanhece; É Deus que te conhece, sabe o que te entristece. E mesmo com suas lutas, d'Ele você não esquece. E mesmo assim agradece. . "Texto foi escrito em 2014, inspirado num dia de trabalho do sr. Antônio, pai do meu cunhado que o afamava de um caipira legítimo. O conheci desde que meu cunhado começou a namorar a minha irmã. Faleceu em Fevereiro de 2020, P.S. faleceu me devendo uma cabra de leite'" . (Douglas Lugano, autor de "Dia de nossas vidas")