domingo, 29 de agosto de 2010

Tudo por um biscoito!

Fazia muito frio naquele terminal e a jovem ficou extremamente insatisfeita quando notou no painel que seu vôo sofreria atraso em razão da nevasca que impedia o pouso e decolagem das aeronaves.

Contrariada, pensou numa maneira de passar o tempo. Comprou um livro que há tempos queria ler e um pacote de biscoito e, procurando proteger-se do frio, encolhida dentro de vários casacos, sentou-se num banco ao lado de um senhor.

Absorta, começou a folhear o livro e, num misto de espanto e indignação, notou o homem apanhar um biscoito de dentro do pacote.

Apanhada de surpresa limitou-se também a pegar um biscoito. O homem também o fez e assim ocorreu sucessivas vezes. A cada biscoito que ela pegava o homem também fazia.

Em silencio, fazia o pior juízo do desconhecido que, petulante, comia metade dos seus biscoitos. Irada, pensou por diversas vezes em levantar-se e dizer-lhe os piores dos desaforos, chamar a policia e até mesmo pegar os biscoitos e sair dali.

De repente, sobrou so um biscoito no pacote. Num gesto que ela tomou como afronta, o homem tomou o biscoito, repartiu ao meio e devolveu a outra metade ao pacote, que ela instintivamente apanhou. Pensava ainda no deboche do sujeito quando o viu levantar e seguir rumo ao portão de embarque. A nevasca já cessara e o vôo do homem mais inconveniente com quem ela já tivera o desprazer de dividir o mesmo espaço partiria dentro de alguns instantes.

Passado perto de meia hora, quando ainda remoia dentro de si os piores pensamentos em relação ao homem; ouviu anunciarem seu vôo.
Aliviada, levantou-se e teve uma surpresa: em meio a seus pertences e casacos viu um pacote de biscoitos. O seu pacote de biscoitos.

Num segundo ela percebeu o ocorrido. Desejou ardentemente ter ali o homem para poder pedir-lhe desculpas por todas as barbaridades que havia pensado a seu respeito. Agradecer-lhe a resignação com que havia devorado o seu pacote de biscoitos; o pacote que ela pensava ser dela. A sua bondade infinda, que repartira com ela até o ultimo biscoito. A compreensão e meiguice para com o erro alheio. Já era tarde, o homem partira e ela, provavelmente, nunca mais o veria. Não teria como retribuir o carinho com que a tratara.

Assim, ocorre conosco as vezes. Fazemos julgamentos, decretamos sentenças e não vemos o quanto estamos errados. Não damos nosso apoio e nossa afeição aos que cometem erros e precisam da nossa ajuda. Quando chegar o arrependimento, talvez não dê tempo para consertar o estrago.

Que tal começarmos a semana pedindo desculpas a alguem que tenhamos passado essa semana tratando com certa indiferença? As vezes, é preciso deixar ao orgulho de lado e olharmos para baixo, talvez estejamos pisando em alguem que não sabemos nem o nome, somente porque "queremos ser superior". Pense nisso, amanhã pode ser tarde!



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