quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Deus no Céu e o Diabo na terra, em forma de guri.

Quando eu era criança, minha mãe sempre fazia questão de me levar nas novenas que ela ia. Sempre teve um cuidado para que os filhos tivessem uma boa orientação sobre os valores cristãos. Mas nem tudo o que eu aprendia era ela que me ensinava. Por exemplo, enquanto as Marias estavam cheias de graça porque o Senhor estava convosco dentro da igreja, o bendito fruto aqui estava com as mulheres do lado de fora.

Se as piedosas senhoras que andavam com minha mãe estivessem vivas hoje, certamente teriam muito o que contar de mim.

Minha mãe faz parte da Legião de Maria desde 1980 e assim, ela me levava pra tudo o que é canto. Foi assim que eu aprendi a rezar e ser devoto de Nossa Senhora, por incrivel que pareça.

Houve um tempo na minha adolescencia que minha mãe rezava para eu entrar num grupo dentro da paroquia. Preces atendidas, porém ha pouco tempo atrás ela dobrou os joelhos para que eu deixasse algumas de minhas funções. Vai entender.

De tantas histórias que eu tenho para contar - e prometo contá-las todas - uma em particular me faz rir até hoje.

Naquela época, o povo era mais animado e tinham mais iniciativas e assim, resolveram fazer uma surpresa a uma amiga do grupo. Dona Laildes, carinhosamente conhecida como Dinha. Uma fez o bolo, outras se juntaram e levaram refrigerantes, algumas fizeram salgadinhos, mas todo mundo levou alegria. De homem eram apenas eu, e mais dois garotos, além é claro, dos filhos da Aniversariante.

No portão aquela surpresa de sempre. Uma bate palmas e quando a dona da casa aparecia para atender era aquela festa. Todo mundo cantava "Parabéns pra você" e a dona da casa fingia que foi surpreendida. Tudo ja era esperado, até porque todo mês a surpresa era pra alguem e era tudo do mesmo jeitinho.

Primeiro rezava-se o terço e a criançada não via a hora de comer bolo, mas algumas velhinhas faziam questão de rezar com toda piedade do mundo, bem devagarinho. Algumas rezavam balbuceando, parecia radio fora da estação, era um tal de "xiu xiu xiu" e numa dessas eu vi um gato aparecer na porta achando que ela tinha o chamado.

Dado o momento tão esperado por nós crianças, num ambiente onde a maioria era de mulheres, uma das amigas da minha mãe toda empolgada e de peito estufado, motiva as demais presentes "Gente, com muita fé no senhor, vamos todas rezar pela Dinha!" (Dinha, apelido carinhoso da sra Laildes)

Não deu outra, comecei a rir sem parar. "Pela Dinha? Como assim?" Minha mãe foi logo improvisando um "parabéns pra você" - de novo, e a coisa ficou por isso mesmo. Quase ninguém percebeu.

Fora esse, não me lembro de ter ido a outros aniversarios surpresa que minha mãe tenha me levado. Mas era nesses momentos onde era preciso manter uma seriedade que minha mãe queria apresentar o anjinho de filho que ela tinha, mas o capeta que tinha dentro de mim, ja por natureza, não deixava eu esconder o rabo.

Embora tudo fosse muito engraçado, uma coisa eu aprendi. Jamais deixe de sorrir. Minha alegria e espontaneidade naquela época era contagiante. Se eu fui feliz? Sim, eu fui e sou até hoje!
 
 


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